Durante anos, senti-me insuficiente!
Por mais que tentasse, sentia que nunca era boa o suficiente – como mãe, como profissional, como pessoa. Passei anos a ouvir uma voz crítica dentro de mim a dizer que eu devia fazer mais, ser melhor ou não devia ter feito ou dito aquilo...
Mas a verdade é que eu estava exausta. E, quando a minha filha mais nova, Joana, nasceu e começou a mostrar o seu temperamento forte, percebi que algo tinha de mudar. O nosso relacionamento era um campo de batalha. A sua teimosia colidia com a minha necessidade de controlo e perfeição. Por mais que eu amasse os meus filhos, sentia-me constantemente frustrada, culpada e sem saber como criar uma conexão verdadeira com ela.
Até que fiz isto:
Por muito tempo, tentei resolver tudo sozinha. Mas percebi que, se queria mudar, precisava de orientação. Fiz terapia, procurei livros, formações e, pouco a pouco, fui entendendo que a minha forma de reagir ao comportamento dos meus filhos tinha muito mais a ver com as minhas próprias feridas emocionais.
Se estás a sentir-te constantemente em conflito com os teus filhos, pergunta-te:
O que é que esta situação desperta em mim?
Como é que a minha história influencia a forma como reajo?
Muitas vezes, não são os nossos filhos que nos tiram do sério - são as nossas dores internas que falam mais alto
Sempre quis que a Joana fosse uma criança confiante, mas percebi que estava a projetar nela as minhas próprias inseguranças. Queria que ela fosse ouvida e respeitada, mas, na verdade, eu própria não sabia ouvir-me. Como é que a podia ensinar a gerir as emoções se eu mesma fugia das minhas?
Então, comecei a trabalhar a minha autoestima e a forma como me tratava. Em vez de me criticar por cada erro, aprendi a falar comigo como falaria com uma amiga. Aos poucos, isso refletiu-se na forma como eu lidava com a Joana. Quando ela explodia, em vez de reagir no impulso, eu conseguia parar, respirar e responder de forma mais consciente.
Percebi que os conflitos com a Joana não eram sobre ganhar ou perder. Eram um pedido de conexão. Quando deixei de ver as nossas discussões como um problema e passei a encará-las como oportunidades de entendimento, tudo mudou.
Aprendi a ouvir sem interromper, a validar os sentimentos dela e a colocar limites sem recorrer a gritos ou ameaças. A Comunicação Não Violenta foi uma das ferramentas que mais me ajudou. Quando passei a usar frases como "Vejo que estás frustrada. Queres falar sobre isso?" em vez de "Lá estás tu outra vez", a dinâmica entre nós começou a transformar-se.
Talvez esta tenha sido a maior lição. Durante anos, tentei ser a mãe perfeita – a que não grita, a que tem sempre paciência, a que equilibra tudo sem falhas. Mas isso não existe.
O que os nossos filhos precisam não é de perfeição, mas de autenticidade. Quando aceitei isso, senti-me finalmente livre. Livre para errar, para aprender, para ser uma mãe real.
E adivinha? A Joana também mudou. Quando eu mudei, ela mudou. Hoje, temos uma relação forte, aberta e verdadeira.
Se te sentes pequena, sem espaço para seres quem és, quero dizer-te: há um outro caminho, e não precisas de percorrer sozinha.
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